Oração da Gestalt-terapia

Eu faço minhas coisas,
você faz as suas
Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas
E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas
Você é você e eu sou eu
E se por acaso nos encontramos, é lindo
Se não, nada há a fazer.
Fritz

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre o Suicídio

Olá, acabo de voltar do "XIII Encontro Nacional de Gestalt-terapia e X Congresso Brasileiro da Abordagem Gestáltica, São Pedro-SP". E lá assisti o trabalho brilhante de Karina Fukumitsu sobre suicídio. Abaixo fiz um resuminho do que ela falou:
Suicídio é a confirmação concreta da descontinuidade do sentido de vida. O suicida é um assassino de si mesmo. Ambos possuem uma impotência para enfrentar a situação.
“Eu não sou sem o outro”
Deve-se acolher o desejo de morte. “Como você se mataria?”
Aquilo que é transformado em fala talvez, não seja transformado em ato
O psicólogo tem o dever de informar o risco de vida aos familiares, sugere que no contrato terapêutico seja colocado que o sigilo será quebrado caso envolva risco de vida a ele ou de outra pessoa para que depois não caso venha avisar a família não atrapalhe o vínculo com o cliente. Deve-se anotar no prontuário ligações do suicida e quando ele comunicar a tentativa avisar a ele que vai comunicar a família e lembrar do contrato terapêutico feito na 1º sessão.
Se colocar a disposição, mas nunca onipotente senão fica como salvadora. “ Eu só vou te abandonar se você não se abandonar”
“ Quando estamos cansados, somos assaltados por idéias que há muito havíamos superado” Nietzsche.
Procura-se aquilo que a pessoa tem de potencial
“Porque você existe? Para quem você existe? Se você fosse reescrever a sua história como seria” (buscar o sentido da vida).
De adolescentes grávidas 20% já tentaram se matar antes da gravidez e buscam o sentido de vida no bebê.
“Você nasce sem pedir e morre sem querer, aproveite o intervalo” (autor desconhecido)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Padrão de beleza!

As cirurgias plásticas estão fazendo muito sucesso no mundo teen, o padrão inatingível de beleza amplamente divulgado pela televisão, revistas, cinema, desfiles e comerciais, integrou nos valores sociais um padrão de beleza que pode comprometer a auto-estima e o bem-estar dessas jovens.
Acaba-se produzindo uma sociedade inumana, que usa o corpo da mulher, e não sua inteligência, para divulgar seus produtos e serviços, gerando um consumismo erótico.
Muitas vezes, pensamentos como ‘’tenho que ter aquilo” ou “ tenho que ser de tal jeito” para estar incluído no padrão de beleza, tem significante relação com sentimentos de vergonha e angústia e indicam influenciar a distorção da imagem corporal (DIC), em que se tem uma preocupação exacerbada com o “excesso” de peso e uma avaliação repugnante de si, fazendo com que a pessoa não se sinta bem sendo ela mesma. Assim, se distancia do contato consigo mesmo e desenvolve padrões rígidos de comportamento que são aceitos pelo mundo, desempenhando papéis de um “deveríamos ser”, e se afastando do que realmente é.
É importante o acompanhamento psicológico antes de realizar uma cirurgia plástica, pois este procedimento causa mudanças orgânicas e psicológicas como dificuldade de auto-reconhecimento, de sociabilização, relacionamento e de aceitação da nova imagem, já que o ideal esperado vem de um padrão que muitas vezes é inatingível.

sábado, 13 de agosto de 2011

Somos todos neuróticos?!

Na Gestalt-terapia, todos os distúrbios neuróticos surgem da incapacidade do indivíduo encontrar e manter o equilíbrio adequado entre ele e o resto do mundo. (PERLS,1988)
A construção da neurose consiste em 5 camadas, se desenvolve de um self autêntico que é a expressão verdadeira de si (camada explosiva), e devido às exigências do meio ambiente tentamos nos proteger do mundo e nos retraímos (camada implosiva), surgem medos, ansiedade, insegurança (camada fóbica) e nos distanciamos do contato consigo mesmo e desenvolvemos padrões rígidos de comportamento que são aceitos pelo meio, desempenhamos papéis “como-se" fosse si-mesmo (camada postiça), e por fim, desenvolvem-se padrões de boa educação conforme o contexto pedir (camada dos clichês).
Cada camada é uma parte da neurose, e à medida que se lida com ela muda o problema, à medida que muda o problema, também mudam os medicamentos. A cada passo do caminho, o próximo se torna mais fácil. (PERLS,1988)
Na camada explosiva ou morte, existem 4 tipos de explosões, o pesar genuíno, quando uma perda não foi assimilada; o orgasmo, pessoas que não estão entregue na relação afetiva; em raiva; e alegria.
Para Perls (1988), as atitudes ou afirmações que não sejam representativas do si-mesmo, cada uma delas deve ser integrado, e deve ser transformado numa expressão do si-mesmo, de modo que possa verdadeiramente descobrir-se a si mesmo.
Muitas vezes essa energia que foi impedida é utilizada no desempenho dos papéis para controlar as expressões autênticas. Em uma atitude fóbica e implosiva, distanciando-se da emoção para se proteger do julgamento do meio.
É uma espécie de paralisia catatônica: nós nos agregamos, nos contraímos e comprimidos, nos implodimos (PERLS,1977)
Na camada Postiça nós desempenhamos papéis, somos quem “deveríamos" ser é um “como-se". O autor ainda relata que nós fingimos que somos melhores, mais ríspidos, mais fracos, mais educados do que realmente nos sentimos. A maioria de nós dá aparência daquilo que não é aparência para a qual não temos nosso suporte, nossa força, nosso desejo genuíno, nossos talentos genuínos.
Ainda para o mesmo autor, se você encontra com alguém, você se envolve numa troca de clichês: “Bom dia", aperto de mãos, todos estes símbolos sem significados usados num encontro.




PERLS F. S. Gestalt-terapia explicada. São Paulo: Summus, 1977.
_________. A abordagem Gestáltica e Testemunha ocular da terapia. 1988.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ter ou Ser?!

O papel do bom cidadão requer que ele seja previsível, por causa do nosso anseio de segurança, de não correr riscos, de nosso medo de sermos autênticos, de nosso medo de nos sustentarmos sobre nossos próprios pés. Estas necessidades sociais muitas vezes estão em conflito com as necessidades biológicas do homem, e este desequilíbrio o afasta da busca de tornar-se aquilo que realmente é, em uma tentativa de ser diferente.
Como exemplo, destacamos a juventude. Ser jovem, aliás, ser eternamente jovem, é a principal aspiração existencial de algumas pessoas, atualmente acrescida do ideal de beleza de ser magro, malhado e esbelto.
No Brasil, o conceito de beleza está associado a ser jovem como se fosse impossível encontrar o belo fora da juventude. Às vezes as pessoas acham que o mais importante é o que aparentam, e não o que são de fato. E é comum dizer-se “Nossa, você já tem 60 anos? Mas não parece”, essa atitude invalida todas as experiências vividas para se chegar aos sessenta, que não consegue aos trinta ou quarenta.
A Psicoterapia tem sua intervenção baseada no exercício de “DAR-SE CONTA”, com a intenção de integrar e reparar os conflitos de vida, e objetiva o auto suporte, ou seja, o andar com os próprios pés, na busca de tornar-se cada vez mais o que realmente é, sem tentar ser diferente.
Os autores Fernando de Paula Carvalhal e Ana Claudia N. de Oliveira são psicólogos clínicos e ela também oferece serviços ao Asilo Dom Bosco.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Como e a psicoterapia em Gestalt?

Devido a necessidades organísmicas não atendidas o organismo se desequilibra. O normal e o patológico relacionam entre si contra a dicotomização. Perls, Hefferline e Goodman (1997), dizem a psicologia anormal ser o estudo da interrupção, inibição ou outros acidentes no decorrer do ajustamento criativo.
A necessidade organísmica é a Figura dirigida a atenção, voltado para o organismo no momento.
Para os mesmos autores citados à cima, o trabalho que resulta em assimilação e crescimento é a formação de uma figura de interesse contra um fundo ou contexto do campo organismo/ambiente.
A figura não natural não tem fundo, é realizada de forma mecânica, imposta. Gera insatisfação.
O crescimento se dá quando a necessidade é satisfeita no aqui e agora, o organismo se atualiza e fecha a Gestalt da melhor maneira possível.
Ainda os mesmos autores dizem que não é necessário programar, incentivar ou inibir de maneira deliberada os incitamentos do apetite e da sexualidade. Se deixarmos essas coisas livres, elas regularão a si próprias de maneira espontânea, e se elas forem perturbadas, tenderão a reequilibrar-se.
Na psicoterapia é vital o destacamento da figura para o cliente perceber a sua necessidade. O terapeuta vai distribuindo a tensão, reduzindo através de questionamento para promover a organização em áreas permeáveis promovendo o contato pela percepção- motora, cognitiva e afetiva que leva a conscientização buscando o centro da atenção em nível ideal levando a criatividade e o potencial para novas possibilidades.
Este processo de auto-regulação mostra a dinâmica do paciente, como ele usa a criatividade para atender suas necessidades e manter a sua integridade como no ajustamento criativo. No caso da neurose em que o cliente tem dificuldade em lidar com suas necessidades deixa a gestalt em aberto, a reincidência desta inadequada forma de satisfazer a necessidade leva a repetição gerando sintomas.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Humanismo e Gestalt

O Renascimento que originou o Humanismo é o renascer do homem, com o Positivismo o homem começa a “pensar”, conseqüentemente mudando a sociedade, sendo o homem como centro. Para Sciacca, o homem se descobre como construtor do seu mundo e reivindica a liberdade do seu espírito, é consciente da sua força criadora da sua ação e da nobreza de sua natureza, que atua e conquista com suas obras.
Para Cícero, o termo humano supõe três elementos:
Aquilo que define o homem como homem, o que vincula o homem a outro homem e aos homens em geral e aquilo que forma o homem como homem.
O ideal é que as pessoas cheguem cada vez mais perto do que elas são, em sua essência, fazendo uma reflexão profunda de si própria, quanto mais autor de sua vida mais humano, para Ribeiro 1985, este consumar a essência é um produzir existencial permanente, fazer recurso a potencialidades, desconhecidas ou não usadas, um desdobrar-se à procura da própria totalidade.
Predispor ao cliente, na terapia, a busca do seu sentido, às vezes sendo o inicio de sua humanidade. Se perceber para poder se auto-regular. O indivíduo é responsável por ele, ele é quem erra quem sente raiva, quem sente alegria.
A Gestalt tem o homem como centro, valor positivo, que se auto- regula Ribeiro 1985, se leva a algumas perguntas com radicalidade: o que é o homem, a mulher, o ser humano na minha visão de mundo?Aqui e agora, na historia do ser, o meu dialogo parte de que apelo e caminha para que apelo?Qual é o meu discurso com relação ao meu ser e ao ser dos outros? Sendo a proposta da Gestalt-Terapia para o autor, mais que uma reflexão humanística, ela se realiza a partir de uma postura básica, filosófica, existencial; Ser uma resposta a um modo especifico de estar no mundo e a ele reagir.
Concluo com as palavras de Ribeiro 1985, a influencia do Humanismo na Gestalt, com uma preocupação da valorização do humano, lidar com o que ela tem de positivo, seu potencial de vida, é a postura humanística sem esquecer os limites pessoais, os fracassos e impossibilidades de mudança, aqui e agora, fazer uma reflexão a partir do positivo, do criativo, do que é potencialmente transformador aquilo que o indivíduo tem a sua disposição.