O Paradoxo, no Zen, é a pessoa que cresce se tornando cada vez mais o que ela é e não tentando ser diferente; “o conflito mais importante que pode levar a uma personalidade integrada ou neurótica, é o conflito entre as necessidades sociais e as necessidades biológicas do homem” (PERLS); em um processo terapêutico.
Uma pessoa que chega ao atendimento psicoterápico, por exemplo, com uma queixa de exaustão devido ao excesso de trabalho e noites mal dormidas, está em conflito com as suas necessidades biológicas de dormir e descansar, não atendendo a estas por uma necessidade social de cumprir um papel de trabalhador, pai de família, pela segurança em manter um bom emprego. Como afirma Perls (1977), o papel do bom cidadão requer que ele seja previsível, por causa do nosso anseio de segurança, de não correr riscos, de nosso medo de sermos autênticos, de nosso medo de nos sustentarmos sobre nossos próprios pés, especialmente sobre nossa própria inteligência este medo é horripilante.
Segundo Ribeiro (1985), a mensagem contínua da Gestalt e do Zen é o sentido de integração da pessoa na sua totalidade, dentro do espírito Zen, despojar-se um não ter apego ás coisas velhas, passadas. O paradoxo, enquanto movimento de integração total de busca de identidade. Correlacionando com o exemplo, o paciente se apegou às coisas velhas, se ajustou à sociedade entrando em conflito com as suas necessidades biológicas primárias.
Ainda para o autor acima, o gestalt-terapeuta deve procurar no seu cliente aquela individualidade irrepetível, presente em todo ser humano. Ponto importante é o aprender a lidar com o vazio, enchemos a mente de soluções, desconectadas de nossa própria natureza. Criamos em cima de expectativas, quando a realidade é o vazio, sendo este freqüentemente o melhor modo de ser criativo, de sair do impasse. Como diz Perls (1977), vocês estão cheios de expectativas catastróficas das coisas ruins que acontecerão, ou de expectativas anastróficas sobre as coisas maravilhosas que vão acontecer. E nós preenchemos este vazio entre o agora e o depois com seguros, planos, empregos fixos, e assim por diante.
O exemplo mostra um caso de impasse. O paciente esta desconectado com a sua natureza, com as suas necessidades primarias, não se percebendo, não se desenvolvendo. Neste caso, a identidade é desintegrada em sua totalidade, como cita Ginger (1995), aceitar a realidade que é essencialmente impermanente é também um principio fundamental e uma experimentação do Zen. Observar a emergência e a fuga de seus próprios pensamentos, não fugir de nada e nada procurar. O paciente não se percebe, não atendendo as necessidades biológicas, estando em conflito com as necessidades sociais, tentando ser diferente e não conseguindo ser o que é.
REFERÊNCIAS
GINGER, S. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo: Summus, 1995,
PERLS, F. S. Gestalt-terapia explicada. São Paulo: Summus, 1977,
RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. São Paulo: Summus,1985
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